domingo, 28 abril 2024

Entregas pelos Correios atrasam e revoltam mato-grossenses

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Atrasos nas entregas de produtos e correspondências feitas pelos Correios têm causado indignação e prejuízos a moradores em Cuiabá e Várzea Grande. Clientes chegam a esperar em média 30 dias para receber, por exemplo, uma mercadoria enviada por PAC, serviço de encomenda da linha econômica da empresa, que leva em média 10 dias úteis para chegar ao destino. Além disso, faturas como de telefone, cartões créditos e outras, muitas vezes chegam às residências com a data de pagamento já vencida.

Valéria Carvalho 46, tem uma loja virtual onde oferece seus produtos, e no dia 9 de fevereiro, fez o envio de uma das mercadorias para Goiânia, mas até hoje o produto não chegou ao comprador. Segundo ela, após 11 dias de postado em uma agência dos correios no bairro Dom Aquino, ela foi checar o serviço de rastreamento que constou que o produto ainda não havia nem sido enviado à Central de Distribuições que fica em Várzea Grande. “Eu fui até a agência reclamar e ninguém soube me informar onde estava a mercadoria e muito menos quando seria enviada”.

Segundo ela, quando ligou na central dos Correios para fazer a reclamação, a atendente ainda afirmou que aquele ainda era o último dia de prazo que a empresa tinha para entregar o produto, assim ela só poderia reclamar sobre a situação no seguinte. “No outro dia liguei e não souberam informar nada sobre a minha mercadoria, e ainda me pediram um prazo de cinco dias úteis para me retornarem. Dois dias depois eu fui olhar o rastreio e vi que o produto já havia sido encaminhado para Goiânia, mas até hoje não chegou lá, e nem mesmo eles me ligaram como o prometido”.

 

Já a dona de casa Ione Fernandes, 45, não recebe as faturas do cartão do crédito há mais de três meses em casa. Com o transtorno, ela precisa ligar sempre para a central da operadora para pegar o código de barras para realizar o pagamento. “Não é que chega atrasado, é que nem chega. Eles afirmam que estão enviando todos os meses, mas aqui em casa nem sinal delas”.

 

Não bastasse essas situações, há ainda as reclamações quanto ao atraso na entrega de encomendas internacionais. Helder Caldeira, 38, adquiriu um cartão de memória na Malásia no dia 12 de novembro do ano passado. Até hoje o cartão não chegou em suas mãos. Conforme ele, no rastreamento consta que o produto foi liberado pela Receita Federal no Brasil no dia 20 de dezembro, mas desde então não tem mais notícias sobre o objeto. Helder abriu então uma reclamação nos Correios e foi informado que após a liberação da RF, a empresa tem ainda 40 dias para realizar a entrega. Passados os 40 dias, e sem receber a mercadoria e nem mesmo saber onde o produto se encontra, ele abriu uma reclamação na ouvidoria dos Correios e recebeu a seguinte resposta.

“Caro cliente, em atenção à sua manifestação, informamos que o objeto postal em questão não deu entrada nesta unidade até a presente data. Por fim, caso nossa resposta não tenha atingido sua expectativa ou não tenha sido suficiente, solicitamos reativar essa manifestação no prazo máximo de até 90 dias da última resposta”. Para Helder que há quase três meses aguarda seu produto a resposta é considerada no mínimo “indecente”. “Um desrespeito total, é inadmissível que tratem os clientes assim”.

Casos como de Valéria, Ione e Helder, são encontrados em todo Estado e até mesmo em todo o país, e de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios, Edmar Leite, a situação reflete a falta de funcionários e sucateamento que os Correios vêm sofrendo há décadas. Ele lembra que há alguns anos os Correios era considerado uma das empresas de maior credibilidade do país junto a população, mas que a falta de investimentos na empresa, que de acordo com ele é uma estratégia para levar o serviço à terceirização, levou o serviço a essa situação. Atualmente, Mato Grosso tem 151 agências dos Correios espalhadas pelos 141 municípios, com um total de 1.666 funcionários, entre administrativos e operacionais.

O presidente explica que esse número é insuficiente, especialmente entre os operacionais, e que seriam necessários ao menos mais 650 trabalhadores nessa área. No ano passado quando os terceirizados realizaram uma paralisação de três dias para cobrar salários atrasados, haviam cerca de 60 mil encomendas paradas na central de distribuição. Segundo Edmar, com o número de funcionários insuficiente, os Correios têm contratado empresas terceirizadas para auxiliar nos serviços, porém essas empresas dão ‘calotes’ nos clientes.

O líder sindical explica que entende a indignação da população, mas explica que os trabalhadores dos Correios que muitas vezes chegam a ser agredidos e hostilizados, estão sobrecarregados e não tem nenhuma culpa da situação da falta de investimentos que gera todo esse transtorno. Ele lembra que diante de todas essas dificuldades e com o último concurso realizado em 2011, os Correios não tem planos de investir, e no início desse ano abriram um plano de demissão voluntária (PDV) aos funcionários com a expectativa é que 8,2 mil trabalhadores façam a adesão no país.

Além disso foi anunciado ainda o fechamento de agências no Brasil “Temos funcionários sobrecarregados, um índice de afastamento ocupacional grande já por causa da sobrecarga, não há investimento nenhum, e eles ainda vão demitir e fechar”. Conforme Edmar, no ano passado foi anunciado o fechamento de oito agências em Mato Grosso, mas após o sindicato brigar, foi decidido que as agências não fechariam. “Agora com esse novo anúncio no país ainda não sabemos com estão os planos para MT”.

A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa dos Correios MT durante três dias em dois telefones e não obteve sucesso. No dia do fechamento da matéria conseguimos contato, mas assessoria informou que uma resposta seria possível apenas nesta segunda-feira, devido ao fim de semana.

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